Pare, olhe, escute: quando o(a) filho(a) precisa do seu colo (sobre birras e ataques)

Categoria: Desabafo

Hoje meu filho mais velho deu um xilique daqueles em casa. Estava bem cansado, pois acabamos de voltar de uma viagem de 1 semana.

Tudo aconteceu depois que dei banho na caçula e peguei o leitinho dela. Quando fui me sentar com ela na poltrona que fica no meu quarto, como sempre faço, ele estava lá, vendo TV. Pedi que ele deitasse na cama, pois aquela era a hora da irmã tomar a mamadeira com a mamãe e que depois seria a sua vez (ele sempre respeita). Ele chorou, esperneou e não saiu. Pedi, expliquei, pedi novamente e nada, ele continuava esperneando. Me retirei e fui dar o leite para minha filha no quarto deles. Ele continuou aos berros. Desliguei a TV e disse que só ligaria até ele se acalmar. Óbvio que não se acalmou e, na verdade, isso só piorou as coisas. Só que não quis voltar atrás e ligar a TV, pois não queria ceder aos gritos e choros. Mas o deixei chorando ali, sem interromper: que extravase seu cansaço!

Eu estava no quarto ao lado e ele chorava de soluçar, mas um choro exausto, sabem? E ele não foi atrás de mim, apesar de ele saber aonde eu estava. Eu sabia que não era o desenho, a TV. Terminei de dar a mamadeira, deitei a minha filha no berço e fui ver meu filho. Abracei-o e expliquei o porquê de ele ficar sem desenho nesse restinho de noite. Que já era hora de dormir, ele estava cansado e que ele não tinha sido legal de não dar o lugar quando eu pedi. Ele continuou chorando muito, mas mesmo assim retribuía meu abraço forte. Preparei seu leite – com ele no colo (15 kg) – voltei para o meu quarto e sentei na poltrona com ele, como sempre faço. Afinal, era a vez dele. Mas dessa vez, o sentei no meu colo (aperta um pouco que cabe) e dei a mamadeira (sim, a mamadeira) pra ele na posição de bebê. Ele nem segurou a mamadeira, ficou no meu colo como um bebezinho mesmo. Quando terminou, coloquei ele na cama, deitei ao seu lado e ninguém falou nada. Não rezamos pro papai do céu, ele não escovou os dentes e nem tomou os remedinhos do dia a dia. Apenas nos olhamos, deitamos abraçadinhos e assim ficamos até ele cair no sono profundo – menos de 3 minutos. E nessa hora eu chorei. Chorei porque vi o quanto meu filho estava precisando de mim. Precisando de um colo.

Apenas um colo. Colo de mãe cura.

Quando o(a) segundo(a) filho nasce, sem querer a gente acaba tratando o(a) mais velho(a) como mais maduro, mais responsável e independente. “Cuide da sua irmã. Não deixe sua irmã fazer isso. Olhe sua irmã” (claro que jamais falei isso em situações que poderiam oferecer algum risco). Só que o(a) mais velho(a) é uma criancinha ainda que também precisa de atenção exclusiva. Mimo muito meus dois filhos, tenho meus momentos só com os dois exatamente para eles se sentirem amados individualmente. Mas mesmo assim, na correria do dia a dia, a gente falha, deixa passar uma atenção que ele pediu “fora de hora”.

Esse comportamento só me mostrou como os filhos são frágeis e captam toda nossa energia. Ando muito impaciente com ele, muito mesmo. É a idade dele (3a7m), a idade dela (1a5m), as férias escolares, o pouquíssimo tempo que tenho pra mim, inclusive pra dormir, enfim, N fatores que contribuem.

pare olhe escute

É preciso parar, olhar, escutar, respirar.

Não é fácil. Mas me mantenho firme no propósito de ser a melhor mãe que meus filhos podem ter e isso me dá forças para ser cada dia uma pessoa melhor. Mesmo com minhas falhas e meus erros. Porque a gente sabe quando erra com os filhos, a gente sabe quando exagera numa bronca, quando fala mais alto que o necessário, quando dá um “peraí” desnecessário (entenda por emails, facebook, WhatsApp, Instagram, etc), quando nega um pedido bobo. E o importante é reconhecer essa falha e tentar melhorar.

Hoje, durante seu ataque de birra (carência), eu quase levantei a voz pra falar mais alto que seu choro, quase lhe apontei o dedo e quase o mandei parar de chorar “sem motivo”. Em vez disso, preferi abraçá-lo. E isso nos fez um bem danado. Eu espero e eu quero muito que essa minha atitude se repita nas próximas vezes. Sim, porque haverá outras vezes. Amanhã mesmo, talvez. E se eu não conseguir manter a calma, eu tentarei na próxima e na próxima e na próxima.

Porque eu sou mãe e não desisto nunca!

P.S. A foto da placa “Pare, Olhe, Escute” é de uma pousada que fiquei em 2006 (por isso a qualidade) na cidade de Gonçalves, em MG. Eu sabia que um dia ela me faria o maior sentido, por isso fotografei.

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