Crianças entre 5 e 6 anos: quem apertou o botão de acelerar?

Categoria: Comportamento
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Terrible Two? Deixa os seis chegarem para você ver!

Dia desses, na consulta pediátrica dos filhos, brinquei que muitas vezes meu filho mais velho (5 anos), parecia estar na pré-adolescência*.

*A Dra Adriana Foz, neuropsicóloga e diretora técnica da Unidade Integrativa Santa Mônica, me corrigiu. “Poderíamos brincar com a palavra ‘criancência’”, afirma. Ela ainda diz que nesta idade, “são crianças ávidas por estímulos, aprendem muito bem conteúdos concretos e fazem amizades com facilidade. Necessitam de limites claros e coerentes. O exemplo em casa e nas relações familiares é muito importante”.

Em outras palavras: meu filho está terrível!

Ao mesmo passo que tem um ótimo desenvolvimento nas habilidades e coordenação motora, aumenta o vocabulário repentinamente, elabora histórias ricas em detalhes, é mais compreensível, já consegue se colocar no lugar do outro, consegue identificar e nomear sentimentos, tem umas tiradas incríveis (racho o bico com ele), também tem uma parte mais difícil que tem me deixado impaciente muitas vezes:

– Questiona praticamente tooooodos os “nãos” que recebe.

– Já deu muitas respostas irônicas. Com 5 anos. Algumas são umas tiradas bem engraçadas. Um dia perguntou para a amiga o seu nome completo. Ao responder um nome compridíssimo, tipo “Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga”, eis que ele manda: nossa, que nome curto hein? Hahaha Mas outras ironias e tiradinhas são fora de hora – e são essas que me deixa malucaaaa (rs).

– Está desafiador. Em algumas vezes sabe que está errado, mas continua fazendo só para ver até onde vou. E quando dá aquele sorrisinho sarcástico de canto de boca mesmo depois de levar uma chamada?

– Quando eu peço para ele fazer algo, ele tenta achar uma forma de fazer como se a ideia fosse dele ou ainda na hora que ele quiser. Como a hora de tomar banho. “Tá, já vou”. “É agora, filho!”. “Tá, tô indo”. “Filho, para a gente não se atrasar, você precisa entrar no banho agora”. “Tá, já vou”. Ele vai tomar banho, ele vai fazer o que estou pedindo. Mas na hora que ele decidir, nem que isso seja no segundo seguinte.

– Está boca suja. Mas não é beeeem “boca suja”… Ele não fala palavrão de adulto e sabe distinguir um palavrão de verdade. Mas descobriu que falar “bunda, cocozento, bunda fedida, peido na cara” é engraçado. E vou te falar… dependendo do contexto realmente é engraçado, não vou negar hihih. Mas ao mesmo tempo não posso deixar o menino falando tanta besteira, né? Tudo tem hora e local certo…

Teodoro- mãe, não é verdade que não pode falar -bosta--Eu- é filho, não pode.Teodoro- mãe, não é verdade que existe uma cidade que chama bosta-Eu- BOSTON!!???

Quando participei do Descomplica Mãe, evento materno que aconteceu em outubro em São Paulo, a psicóloga e consultora em educação Rosely Sayão, uma das palestrantes do evento, deu algumas dicas sobre palavrões e crianças. Segundo a psicóloga, as crianças – assim como nós – precisam de palavras para desabafar, para extravasar. Então a gente pode ensinar algumas palavras e termos que possam substituir um palavrão. Ela contou que em uma escola que estava prestando consultoria, uma semana depois de dar essa dica, estavam todos saindo da classe xingando o outro de “jacaré”, “boina”, “chapéu” rs. Bastou um adulto para fazer essa condução do problema.

Voltando ao “terrible 5” (rs):

– Contesta 98,9% das minhas decisões. “Mas, mãe” é a frase que mais ouço durante o dia. Quando percebo, estou discutindo há 10 minutos o motivo pelo qual não o deixo ver determinado desenho. Na verdade, tenho o maior orgulho dele questionar. É para isso que nós o educamos, para ser uma criança questionadora e não simplesmente obediente. Obedecer por obedecer não faz o menor sentido para mim.

Mas a teoria é diferente da prática, né? Faço questão de explicar, ensinar e contextualizar, mas, sinceramente, às vezes não tem como escapar do “não porque não e fim de papo”. E não é que dia desses, diante do meu “porque não”, ele me solta “porque não não é resposta”. E o queixo caído da mãe? * Certeza que se minha mãe tivesse presenciado essa cena, ela teria dado uma risadinha de vingança.

Tudo isso sem contar com a energia física que parece um terremoto. Gente, sério, eu vou fazer um dia um filminho de como é a chegada dos meus filhos depois da escola. É um salve-se quem puder, uma gritaria… parece recreio de escola com 200 crianças!

Sei que todas essas características fazem parte do desenvolvimento de uma criança nesta idade. Mas eu não sei quem apertou o botão FF do controle remoto… em que momento que essas crianças dispararam e começaram a crescer em uma velocidade absurda?

Aqui em casa, aquela máxima que “maternidade é igual videogame, a próxima fase será sempre mais difícil” tem se mostrado muito verdadeira rs

Como está sendo essa fase na sua casa? Confesso que às vezes não sei como agir, mas acho que o mais louco na maternidade é justamente você aprender a ser mãe no mesmo ritmo que seus filhos se desenvolvem.

Quando algo não vai bem e sorrateiramente a culpa materna chega perto de mim, eu me acolho. E nessas horas me lembro que tudo é novo pra mim também, que eu também estou aprendendo, que eu também estou passando de fases. Eu nunca tinha sido mãe do Teodoro de 5 anos e mãe da Alice de 3 anos.

(neste momento estou me imaginando daqui uns 3 anos lendo esse texto…. O que será que terá mudado na minha forma de pensar e maternar?)

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